The Trade Desk aposta na CTV e desafia os modelos fechados liderados pela Google e Amazon

No setor Adtech, Jeff Green, CEO da The Trade Desk, consolidou a sua posição como uma das vozes mais influentes da indústria. Numa reunião anual do IAB em Palm Springs, Green analisou os desafios e oportunidades do mercado, destacando temas como o papel da Google, o potencial da CTV e as decisões estratégicas por trás da aquisição da 'Sincera'.

Green não poupou palavras ao analisar o futuro da Google no ecossistema publicitário. Na sua visão, a Big Tech poderia centrar-se exclusivamente no YouTube. "Acho que faz sentido que a Google saia da open internet e se concentre no YouTube", afirmou Green, sublinhando que o domínio da Google em "cada parte da supply chain" é insustentável a longo prazo, especialmente no contexto do processo antitrust que a empresa enfrenta.

O julgamento, que ainda está pendente de resolução, colocou a Google numa posição difícil. Green explicou que qualquer ajuste da Google poderia ser interpretado como uma admissão implícita de práticas questionáveis no passado. Segundo Green, esta paralisia estratégica gerou frustração até dentro da própria Google, onde alguns funcionários sentem que poderiam ter gerido melhor o seu modelo de negócio no passado.

A aposta da The Trade Desk em CTV ee na neutralidade

A CTV é um dos pilares do crescimento da The Trade Desk, representando já 50% do seu negócio. Green destacou que, ao contrário do mercado de display, onde a Google domina o lado da venda, a CTV oferece um ecossistema mais aberto e equitativo.

Um componente importante desta estratégia é a Ventura, o sistema operativo desenvolvido pela The Trade Desk para reforçar o seu compromisso com a neutralidade na CTV. "Não possuímos conteúdo. Nunca o fizemos e nunca o faremos", enfatizou Green, deixando claro que o objetivo da Ventura não é competir com os criadores de conteúdo, mas sim garantir uma supply chain eficaz e equilibrada.

Além disso, Green criticou as práticas de empresas como a Amazon, que combinam a produção de conteúdo com sistemas operativos, favorecendo o seu próprio material. "Parece que já vimos este filme antes", afirmou, referindo-se ao modelo integrado da Google que tanto influenciou o mercado de display.

A aquisição da Sincera

No início deste mês, a The Trade Desk realizou a sua segunda aquisição pública com a compra da Sincera, uma startup de meta-dados publicitários. Green elogiou os fundadores da Sincera pela sua visão e compromisso com a melhoria da supply chain na open internet. "Não acredito que haja uma empresa mais capaz de melhorar a supply chain", afirmou Green, destacando a motivação do cofundador Mike Sullivan para deixar um importante legado para as próximas gerações.

De acordo com a AdExchanger, Green também explicou por que motivo a The Trade Desk não tem sido agressiva em M&A. Segundo o CEO, o atual negócio do DSP da The Trade Desk ainda tem um enorme potencial de crescimento, tornando aquisições frequentes desnecessárias e potencialmente distrativas.

O compromisso de Jeff Green com uma open internet sustentável está no centro da estratégia da The Trade Desk. Mais do que competir no mercado publicitário, o seu objetivo é evitar que os ecossistemas fechados dominem o futuro da publicidade digital, assegurando um modelo justo e equitativo para anunciantes, publishers e utilizadores.

Com uma liderança clara, uma aposta decidida na CTV e decisões estratégicas como a aquisição da Sincera, a The Trade Desk posiciona-se como uma força inovadora no setor. "Há tanto mercado no nosso negócio que não queremos que as aquisições sejam uma distração", concluiu Green, reafirmando a sua visão de crescimento sustentável e compromisso com a transparência na publicidade digital.

Este enfoque não só fortalece a The Trade Desk, como também estabelece um padrão para toda a indústria, definindo o caminho para um futuro mais aberto, equitativo e eficaz no setor Adtech.