A publicidade em streaming tem como desafio evitar a saturação de anúncios

A publicidade em streaming está no centro da transformação do setor internacional. Com um aumento significativo no tempo de visualização e uma mudança para modelos com anúncios, anunciantes e plataformas buscam inovar para equilibrar a experiência do utilizador e a eficácia das campanhas. No entanto, a saturação publicitária ameaça erodir a confiança dos espectadores, sublinhando a necessidade de estratégias inteligentes e sustentáveis.

De acordo com o relatório mais recente da Nielsen, o tempo de visualização de conteúdos em streaming atingiu um novo recorde em dezembro de 2024, impulsionado pelo aumento dos eventos desportivos e pelo crescente acesso aos serviços CTV. Paralelamente, 43% das subscrições em plataformas de streaming já incluem anúncios, um número que reflete a rápida adoção de modelos AVOD (vídeo sob demanda com publicidade).

Contudo, segundo a Digiday, a expansão da publicidade em streaming não está isenta de riscos. Os blocos publicitários excessivamente longos, com até 10 anúncios consecutivos em alguns serviços, estão a gerar preocupações entre consumidores e anunciantes. “A televisão por cabo perdeu relevância devido à saturação publicitária. Se o streaming seguir esse caminho, veremos uma migração de utilizadores para opções sem anúncios ou modelos premium,” alertou um executivo de agência.

Para contrariar este desgaste, plataformas como a Netflix e a Disney estão a apostar na publicidade contextual, que adapta os anúncios ao conteúdo visualizado. Estas inovações procuram não só manter a tolerância dos espectadores, mas também melhorar a eficácia das campanhas. A Disney, por exemplo, utiliza a sua ferramenta 'Magic Words', enquanto a Netflix está a explorar propostas semelhantes que têm despertado o interesse dos anunciantes.

Além disso, a adoção de tecnologias como a inteligência artificial generativa surge como um fator-chave. Segundo o relatório da IAB, 80% dos anunciantes já estão a explorar ou a utilizar IA para otimizar o planeamento e a ativação de meios. Embora a sua implementação ainda esteja em fases iniciais, esta tecnologia promete revolucionar o targeting e a relevância publicitária.

Números que refletem a expansão:

Fonte: Nielson

  • 13,8%: Crescimento previsto no investimento em CTV para 2025.

  • 301,6 milhões: Subscritores internacionais da Netflix no final de 2024.

  • 18%: Aumento no tempo de visualização na Max durante dezembro de 2024.

  • 7%: Crescimento no tempo de visualização do YouTube, atingindo um novo máximo histórico.

“O mercado não espera. A chave está em oferecer transparência, opções e resultados para manter a confiança dos anunciantes e dos espectadores”, reforça David Cohen, CEO da IAB.

O caminho para um ecossistema publicitário eficiente e relevante exige uma colaboração estreita entre plataformas, agências e marcas. Com foco na qualidade dos anúncios, na adoção de métricas precisas e no uso responsável das tecnologias emergentes, a indústria tem a oportunidade de liderar uma transformação positiva que beneficie tanto os consumidores como os anunciantes.

CTVMarta FonsecaIAB, ctv, Streaming, Contextual, IA