A 'taxa AdTech': um investimento necessário ou um fardo para os publishers?

O termo "AdTech Tax" tornou-se um tema recorrente no setor do marketing digital, gerando posições divergentes. Este termo é usado para descrever os custos associados aos serviços tecnológicos que permitem a entrega de anúncios digitais. No entanto, enquanto alguns o veem como uma parte essencial do ecossistema, outros o percebem como uma barreira que drena recursos de publishers e anunciantes.

Segundo uma publicação no LinkedIn de Dustin Cha, cofundador e CSO da Ad-Shield, esta perceção negativa está a alimentar tendências como a Supply Path Optimization (SPO) e a Demand Path Optimization (DPO), com o objetivo de minimizar intermediários e aumentar a eficiência. Cha assinala que a controvérsia reside na forma como alguns players do ecossistema contribuem com pouco valor real enquanto capturam uma parte significativa das receitas publicitárias.

Vozes críticas e defensores da tecnologia

Especialistas da indústria ofereceram diferentes interpretações da "taxa AdTech":

  • 'AdTech God' defende que este termo não reflete uma injustiça, mas simplesmente "o custo de fazer negócios" num ecossistema digital complexo.

  • Simon Halstead, fundador da Halstead Incubation Partners, acrescenta que cada parte do custo representa um serviço que alguém escolheu adicionar, defendendo que se trata de pagamentos necessários para manter e melhorar o ecossistema.

  • Por outro lado, Paul Bannister, Chief Strategy Officer na Raptive, critica a existência de intermediários que não agregam valor real, descrevendo-os como "caçadores de renda" que aumentam os custos desnecessariamente.

  • Para Scott Messer, fundador da Messer Media, a "taxa AdTech" é fragmentada: inclui tanto "boa tecnologia", que representa um custo, como tarifas desnecessárias, extorsão e serviços sem valor agregado.

Os 'AdBlockers', um imposto invisível

Um fator menos evidente no debate é o impacto dos AdBlockers. Cha destaca que estas ferramentas não só afetam as receitas, como também criam 'Dark traffic' que dificulta a medição e otimização das campanhas publicitárias.

Com mais de 700 milhões de utilizadores, AdBlockers como o Brave representam uma perda oculta de entre 14% e 21% das potenciais receitas. Estas ferramentas, que além disso geram receitas próprias através do seu sistema publicitário, privam os publishers de inventários completos e reforçam a perceção de que este fenómeno é uma forma de "taxa".

A 'taxa AdTech' é frequentemente baseada na percentagem de investimento em media que chega aos publishers. No entanto, Cha argumenta que esta métrica ignora o impacto do tráfego perdido devido aos AdBlockers, o que exacerba a perceção de que os publishers estão a ser privados de receitas legítimas.

Este cenário coloca um desafio para o setor, já que a necessidade de demonstrar valor e ROI é mais urgente do que nunca. As soluções devem focar-se em otimizar o ecossistema, reduzir os intermediários desnecessários e melhorar as ferramentas para medir o impacto real das campanhas.

O debate sobre a "AdTech Tax" realça a necessidade de uma maior colaboração entre anunciantes, publishers e plataformas tecnológicas. Enquanto a indústria procura equilibrar inovação e rentabilidade, os especialistas concordam que a transparência e a redução de custos desnecessários são essenciais para construir um ecossistema mais justo.

"A boa tecnologia é o custo de fazer negócios, mas os serviços sem valor real representam um imposto que devemos abordar. Só assim poderemos garantir um ecossistema sustentável para todos os atores envolvidos", conclui Cha.

O futuro do marketing digital dependerá de como a indústria abordar este problema e alcançar um equilíbrio entre as necessidades dos anunciantes e a sustentabilidade dos publishers.

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