Playce vai ser suspenso a partir de maio

As operadoras Meo, NOS e Vodafone vão deixar de permitir a inserção de anúncios publicitários nas gravações automáticas dos seus serviços de televisão já a partir do dia 1 de maio. A medida surge na sequência de uma nota de ilicitude emitida pela Autoridade da Concorrência (AdC), que considera que a plataforma Playce poderá estar a violar as regras da concorrência.

O Playce, sistema que reúne e gere publicidade direcionada exibida nas boxes das três operadoras, será assim suspensa temporariamente. Com isto, terminam os 30 segundos de publicidade obrigatória antes das gravações, uma prática que vinha ganhando popularidade entre os anunciantes graças à sua eficácia e alcance.

Segundo a informação transmitida pela Playce, esta decisão prende-se com a abertura de um processo de contraordenação pela AdC, que considera a atividade da plataforma como não conforme com a legislação vigente, pode ler-se numa comunicação enviada às agências de meios.

A Vodafone Portugal já confirmou que irá suspender a sua participação na plataforma, alegando o atual enquadramento regulatório como razão principal. Por sua parte, a NOS e a Meo optaram por não se pronunciar. Também os canais SIC e TVI foram abordados, mas não fizeram comentários até ao momento.

A Autoridade da Concorrência esclareceu, no entanto, que não impõe suspensões formais por via de notas de ilicitude, sugerindo que a interrupção do serviço foi uma decisão antecipada por parte das operadoras, que preferem agir com prudência enquanto aguardam uma eventual deliberação final.

A investigação em curso aponta para alegadas práticas anticoncorrenciais, nomeadamente o facto de os utilizadores serem obrigados a visualizar publicidade sem possibilidade de avançar para aceder às suas gravações.

Recorde-se que, em 2021, a Meo, NOS, Vodafone e a Accenture (responsável pela tecnologia da plataforma) foram já alvo de acusações por parte da AdC, devido à alegada coordenação de práticas restritivas no mercado de televisão por subscrição. Em causa estava precisamente a imposição de publicidade inultrapassável como condição de acesso a conteúdos gravados.

Em abril de 2023, a Playce contava com mais de 400 marcas anunciantes, embora o nível de investimento estivesse ainda aquém das expectativas, conforme afirmou João Epifânio, porta-voz do projeto, na altura. A solução foi lançada comercialmente em setembro de 2020.

Fonte: +M